A feira do livro das multe vozes acontecerá de 09 á 17 de setembro, e nela ocorrerá o relançamento do romance " O caminho" de Amanda M. Bouth autora Barcarenense.
Oiiie pessoal já faz um tempinho né?! Aconteceu tanta coisa... e hoje eu tenho uma notícia maravilhosa para te contar: O caminho vai estar na feira do livro!!!!
Para quem já acompanha, sabe muito bem a grandiosidade desse acontecimento. E se você é novo por aqui deixa eu te contar do início. Então pega pipoca e uma poltrona confortável por que essa história daria um verdadeiro filme!
Há quatro anos atrás eu estava inconformada, como artista eu vivia frustrada... reclamava sobre Barcarena não ter oportunidade para minha categoria e tudo. Naquela época eu estava na faculdade (e cês sabem que o barcão é nosso amigo e nosso algoz ao mesmo tempo. É extremamente cansativo ir para outra cidade todos os dias e voltar de madrugada, sentir frio, fome, por que não sei vocês mas viajar me dá muita fomeeee, e sem falar do sono, era uma luta todos os dias), além disso eu trabalhava no Mais Educação em uma escola infantil: um trabalho voluntário que tinha uma ajuda de custo de 150 por turma, isso naquela época. Cara, era impossível para eu realizar algo naquela época, meu dinheiro mal dava para bancar meus estudos e eu ainda era bolsista parcial! Às vezes a grana só dava para facul... era impossível!... Será que era?
Naquele mesmo semestre estudamos planejamento estratégico com a prof. Luciana e durante a aula ela ensinava a matriz fofa (relaxa eu não vou explicar sobre ADM pra você, mas se eu fosse você pesquisaria depois porque é muito útil, pra tudo!). Durante a aula ela falava para pensarmos fora da caixinha e garantia que esse era o diferencial do profissional de sucesso. Aquilo despertou um lado meu que eu não conhecia, o lado que baniu o vitimismo, o lado que me tirou da minha inércia. Eu enfim vi que se não fizesse nada para ter oportunidades eu nunca realizaria o meu sonho.
Foi então que vi uma borboleta cruzar meu caminho... E é ai que tudo muda!
Borboletas vivem a maior parte de suas vidas como lagartas horrorosas que rastejam. Um dia elas entram no casulo e ninguém sabe ao certo tudo o que acontece ali... enfim chega o dia em que ela luta com todas as suas forças para quebrar o casulo e abrir suas asas e voar! Voar! Que maravilhosa a simbologia das borboletas, quantos significados podemos tirar disso, não é mesmo!?
Foi assim que surgiu uma grande ideia. É claro que eu não era a única artista que me sentia perdida e insatisfeita. Então mandei uma mensagem para alguns amigos e começamos a recrutar artistas para organizar uma exposição de artes “ Dançando com borboletas” que era uma ação do Projeto Borboleta do qual eu era a idealizadora e diretora.
O projeto sociocultural tinha dois grandes objetivos, o primeiro: divulgar artistas locais para que saíssem do anonimato, garantindo espaço de exposição de suas artes. E o segundo: garantir o acesso a arte à população de forma gratuita e acessível a todos.
A partir daí organizamos tudo com muito esforço. Eu apresentei a ideia para o prefeito da época, o nosso saudoso Vilaça, e ao meu avô Samico Baia, que era assessor do vice-prefeito, e então consegui um agendamento. Engraçado lembrar disso, pois aconteceu em 2019. Eu me lembro que esperei na fila como qualquer outra pessoa e para o meu azar foi dia dele atender os secretários.... Mas guardei a seguinte frase no meu coração: “Todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus”
Eu estava tão ansiosa, meu avô não saiu de perto de mim sempre me perguntando se eu já havia conseguido. Já estava desanimada e aí a secretária de educação apareceu, Sra Ivana Ramos, eu já havia conhecido ela em um evento católico. Eu falei a ela da exposição e que eu gostaria que os alunos pudessem ter acesso às artes, porque era meu sonho ir em uma exposição de artes, mas eu nunca tinha tido condições de ir. Ela adorou a ideia e me passou o seu número. Naquele dia ela quase não saiu da sala de tanta coisa que precisava tratar com o prefeito (risos). Logo após ela eu entrei. Naquela altura já eram 19h e cheguei as 8h da manhã, mas meus ânimos se restauravam a cada momento. Consegui o apoio do prefeito e ainda apresentei o projeto na câmara dos vereadores. A exposição seria uma realidade! Meu avô não voltou pra casa naquele dia, ficou até sem almoçar (mesmo ele tendo um problema grave no estomago) ele só ficou em paz quando eu consegui e voltamos juntos para casa. Ele não dizia “eu te amo ” mas vocês podem ter certeza que naquele dia eu me senti super amada.
Daquele dia em diante corremos contra o tempo para conseguir organizar tudo: patrocínio, estrutura, programação... nossa! Eu achava que não ia dar conta. Além disso eu precisava realizar meu sonho né, o sonho de ser escritora, então como eu faria? Naquela altura da vida eu já trabalhava pintando telas, foi então que eu produzi telas para vender durante a exposição para angariar recursos para a publicação do meu livro O Caminho. Pintei 34 telas em um único mês! Eu nem sabia que eu tinha essa capacidade. Mas consegui.
A exposição de artes aconteceu! E foi mais incrível do que imaginei, tive apoio da minha família, dos meus amigos, do Bruno Martins que era vereador na época, da secretária Ivana que organizou as turmas do ensino infantil para estarem lá, da minha avó que fez milhares de borboletas coloridas para ornamentar o salão da igreja (que foi cedido para o nosso evento), meu pai que ficou à frente da estrutura, a tia Luciana que decorou e tudo ficou lindo! E também a minha mãe que me ajudou em todos os momentos ficando comigo até o final do evento. E é claro os nossos artistas: Daniel Faro, Felipe Jaster, José Junior, Helizandra Vitória, Adailton Júnior, Alice Menezes, Thalisson Felipe, Pedro André, Maria Ruderleia, Wanny Rodrigues e outros grupos artísticos como Arte de Persona, Associação Natureza e Arte, Escola Barbara Sophia, Teatro Rainha Porta do Céu. Tivemos apresentações a cada hora e finalizamos com um belo show de palco com música ao vivo. O evento foi um sucesso e tivemos mais de 500 visitas por lá.
Tivemos de tudo: Música, dança, teatro, poesias, contação de histórias, artesanato e pinturas. Você ainda podia adquirir alguma arte por um valor bem acessível. Exposição realizada! E o melhor: eu havia vendido todas as telas! Estava preste a realizar o meu sonho... até que algo aconteceu...
Eu comecei esse romance em 2016. Ele conta a história de Victoria Ângelus, uma jovem de sucesso que sofre um grave acidente e fica paraplégica tendo que lidar com essa nova realidade, e sem saber se apaixona pelo homem que fez com que ela ficasse assim. Essa trama surgiu durante as viagens de lancha até Belém quando eu vi uma mulher cadeirante ser carregada para entrar no barco. Cara... como era difícil pra ela. Ela parecia claramente incomodada e o acesso era difícil demais. Então me veio uma imaginação, como seria descrever uma personagem paraplégica como a protagonista de uma história? E se nós focássemos em sua personalidade, sonhos e sentimentos? Eu nunca mais vi aquela mulher de novo, mas aquela ideia ficou em mim, comecei a rascunhar as primeiras linhas e até consegui chegar na metade do livro, mas parei esse projeto literário pela metade.
Retomei esse projeto só em 2018 quando comecei a escrever em todo lugar já que eu trabalhava e estudava. Eu usava um aplicativo de notas de um celular antigo que meu avô havia me dado e lá eu escrevia no ônibus, no intervalo da faculdade e principalmente no barcão. Ai ai, o barcão! Quantas historias já aconteceram lá, talvez até a sua! Que sacrifício meu Deus. Mas com o tempo comecei a gostar das horas que eu tinha que passar naquele barco, porque era lá que eu podia escrever com mais tranquilidade. Detalhe: eu morria de medo de barco, quase uma fobia, e fui superando assim, escrevendo. Outra curiosidade o Aladim Pires (nome verdadeiro do barcão) foi construído pelo meu bisavô, que era considerado mestre por fazer barcos com muita excelência, inclusive o nome dele é o nome desse barco, foi em homenagem a ele. Ele nem poderia imaginar que esse barco um dia iria me ajudar a me tornar escritora! (eu reclamo só dos acentos que são muuito desconfortáveis e não dá pra se apoiar pra frente nem pra trás, haja coluna... Mas vamos ficar só com a parte poética).
Depois o Erick (hoje meu esposo) digitou e corrigiu tudo pra mim, essa etapa foi fundamental porque sem ele eu não conseguiria, pois não tinha nem computador em casa, tão somente um sonho e muitas ideias.
Voltando para 2019, um pouco antes da exposição eu tive um problema de saúde muito grave e estranho. Eu simplesmente não conseguia mais andar.
Em uma bela noite ao tossir vi que havia gotas de sangue na minha mão, aquilo foi muito estranho já que minha garganta não estava doendo e eu nem estava rouca. Na manhã seguinte para o meu espanto eu simplesmente sentia uma dor tão forte na nuca que me impedia de andar. Eu fazia muito esforço e precisa de apoios, ficava tonta e a dor era insuportável, meu pescoço estava cheio de nódulos... teria sido a tinta das pinturas? A falta de postura? O movimento repetitivo? Não sei... fiquei 15 dias terríveis nessas condições, até que com medicações injetáveis voltei a andar, com muita dificuldade. Ainda sentindo tontura e dor na nuca, iniciamos investigações médicas que duraram dois anos após o acontecimento da exposição.
Os exames nunca conseguiram comprovar a causa, o diagnóstico mais convivente foi o de princípio de meningite por uma infecção na garganta, eu poderia ter perdido os movimentos do pescoço para baixo. Aqueles anos em investigação e os diversos tratamentos me ajudaram a melhorar o meu livro, agora eu entendia um pouco como Victoria se sentia... por um milagre eu me recuperei e estou bem hoje mas foram dias assustadores e sofridos.
Difícil, né?! Mas o pior ainda estava por vir. No outro ano, aconteceu a p4ndemia, foi terrível para o mundo todo. No final da primeira onda, quando já começávamos a transitar com mais liberdade eu decidi lançar o livro. Tudo organizado! Consegui os exemplares! Vai funcionar!... Não funcionou. Na semana do lançamento foi decretada a bandeira preta lockdown...
No ano seguinte tentei de novo, com coquetel e tudo, e para minha surpresa foi decretado lockdown de novo um dia antes do evento... eu não poderia deixar tudo estragar. Havia investimento e muito esforço... então fizemos de uma forma diferente. As pessoas iam em horários agendados, eu autografava os livros e elas recebiam uma caixa com os salgados e doces para degustarem assistindo as apresentações artísticas por uma live no Instagram. Choveu muito naquele dia e a internet em Barcarena ficou terrível (pra variar). Conclusão: não conseguimos fazer a live e tivemos que gravar as apresentações. Mas eu não desisto fácil não. Realizamos o lançamento assim mesmo, com máscaras no rosto e de uma forma adaptada! Mas conseguimos! Agora eu era escritora como eu sonhava!
Eu vendi muitos livros e recebi várias mensagens. Foi tudo maravilhoso e eu pensei que era só isso. Mas não foi.
Em fevereiro deste ano dei a luz a uma linda menina, Ávila Emanuela, e tive uma recuperação difícil. Algumas semanas antes do parto conversei com meu avô sobre levar “ O caminho” para a feira do livro em Belém, e ele apoiou na hora. Só que durante a minha recuperação
meu avô foi piorando no seu estado de saúde, e precisou internar, ao voltar achávamos que ele ia melhorar, mas infelizmente ele acabou falecendo alguns meses depois. Esse acontecimento partiu meu coração em tantos pedacinhos que achei que nunca fosse curar.
Hoje faz dois meses.
Bom, abriu o edital para o ponto do autor na feira do livro e eu relutei, não queria mais me escrever, tinha muitos contras na minha frete: estava muito em cima da hora, eu não tinha dinheiro para novos exemplares, estava de coração partido, não havia sentido... Mas em minha mente ficava uma cobrança: “Você disse a ele que tentaria”. Falei pra mim mesma “vou tentar!”.
Não custa nada, sei que não vão selecionar meu livro mesmo, existem tantos outros. Me inscrevi na pior má vontade que existe, sem esperança de realmente conseguir... mas algo estava estranho, meus documentos apareceram, havia exatamente 10 exemplares comigo (que foram os necessários com mais urgência), tudo dando certo... Me inscrevi exatamente as 23:52h e minha inscrição foi validada.
No dia 22 de agosto recebi uma mensagem da equipe organizadora me informando que meu livro foi selecionadooooo!!!! O caminho vai estar na feira do livro!!!!!
Sim! Eu irei representar Barcarena como escritora presente na maior feira do livro que acontece no nosso Estado!!! Eu estou tão emocionada e animada com esse momento, e você faz parte disso!
A 26 º feira do livro Pan Amazônica das multe vozes é um dos maiores eventos literários do nosso estado, e este ano ocorrerá nas datas de 09 a 17 de setembro. Que conta com a presença de mais de 113 editoras, 100 escritores paraenses e 16 artistas visuais, com uma programação riquíssima que a cada ano se expande e se aprimora. Saiba mais no link abaixo:
Por isso é tão importante Barcarena estar representada em um evento tão visado e esperado como esse. Onde vamos poder mostrar que temos artistas e escritores que se inspiram na nossa cidade e na nossa gente.
Entretanto essa seleção trouxe também muitos desafios, agora precisamos correr contra o tempo para angariar recursos para tornar essa representatividade possível. Para vocês terem apenas uma ideia, só os exemplares custam uma média de 4.000.00 reais. Isso contado só o valor da produção dos livros físicos sem adicionar nenhum lucro de direitos autorais.
Parece impossível conseguir este valor da noite para o dia, sem contar outros gastos com passagens, alimentação e enfim... além disso eu queria muito organizar uma caravana para o dia do meu lançamento. Ainda não divulgaram a data, mas como eu ficaria feliz de ter pessoas da minha cidade comigo ali, pessoas que apoiam e sonham ao meu lado. Pessoas que não acreditam apenas em mim, acreditam na cultura de nossa cidade! Sem vocês eu não conseguiria chegar onde cheguei. Além disso vou apresentar o resultado do projeto novamente, na câmara municipal, provavelmente na terça feira do dia 5 de setembro as 10h, e eu preciso do apoio de todos que puderem estar presentes nesse dia para mostrar que Barcarena tem sim potencial cultural e precisa se tornar conhecida por todos os cantos do Brasil.
Queria agradecer de coração à todos! Especialmente a você que leu esta história até aqui! Me ajude a compartilhar com Barcarena inteira essa mensagem. Quem sabe assim consigamos tornar possível essa realização. E se você quiser saber mais, ou tiver alguma forma de ajudar, deixo aqui o meu contato pessoal (91) 98416-9418. E nosso perfil no Instagram @mandymenzs, vou estar postando os bastidores por lá! Obrigada meus amigos! Contos com vocês para darmos asas a este sonho!
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